O Trabalho
Émile Durkheim analisa as relações de trabalho na sociedade moderna partindo da ideia de que as sociedades caminhariam numa escala evolutiva, em direção ao progresso. Em seu livro “Da Divisão do Trabalho
Social”, escrito no final do século XIX, procura demonstrar que a crescente especialização do trabalho promovida pela indústria moderna trouxe uma forma superior de solidariedade, e não de conflito.
Para Durkheim, há duas formas de solidariedade: a mecânica e a orgânica. A solidariedade mecânica é mais comum nas sociedades menos complexas, nas quais cada um sabe fazer quase todas as coisas de que necessita para viver. Nesse caso, o que une as pessoas não é o fato de uma depender do trabalho da outra, mas a aceitação de um conjunto de crenças, tradições e costumes comuns.
Já a solidariedade orgânica é fruto da diversidade entre os indivíduos, e não da identidade nas crenças e ações. O que os une é a interdependência das funções sociais, ou seja, a necessidade que uma pessoa tem da outra, em virtude da divisão do trabalho social existente na sociedade.
Com base nessa visão, na sociedade moderna, a coesão social seria dada pela divisão crescente do trabalho. E isso é fácil de observar em nosso cotidiano. Tomamos um ônibus que tem motorista e cobrador, compramos alimentos e roupas que são produzidas por outros trabalhadores. Também podemos ir ao posto de saúde, ao dentista, ao médico ou à farmácia que temos algum problema de saúde, e lá encontramos outras tantas pessoas que trabalham para resolver essas questões. Enfim, poderíamos citar uma quantidade enorme de situações que nos fazem dependentes de outras pessoas. Durkheim afirma que a interdependência provocada pela crescente divisão do trabalho cria solidariedade, pois faz a sociedade funcionar e lhe dá coesão.
Segundo esse autor, toda a ebulição no final do século XIX, resultante da relação entre capital e o trabalho, não passava de uma questão