O trabalho da citação
COMPOGNON, Antonie. O trabalho da citação.
A citação é um gesto arcaico de recortar e colar, mais colada uma vez não se recupera sua autenticidade, é como uma brincadeira de criança compara Compagnon. Ela é também um ato de extração comparado como um órgão recortado à espera de um paciente. Contornar algo no texto com um forte traço é aquilo que eu desejo colocar em itálico, assim é o grifo é, portanto a prova preliminar da citação (e da escrita) uma localização visual de como eu vejo o texto. Ainda assim, a acomodação é um lugar de reconhecimento, uma marca de leitura é você se acomodar diante de um fragmento do texto que lhe, mas lhe chamou atenção. A citação pode vir também a ser uma maneira de solicitação, fragmento que lhe provoca uma preferência íntima. A ablação, grifo, acomodação e solicitação são etapas de leitura e escrita, e elas podem se realizar-se sem as outras, mais sem a solicitação é para a leitura, uma figura iniciatória, sem ela não há prazer, há significação e não paixão; após a solicitação vem à acomodação, grifo e ablação reúnem-se em um conjunto compacto. Ao ler um livro ou um texto temos que retirar aquilo que lhe chame atenção que lhe solicite, e não o que lhe desagrada, é um fato intolerável para o autor. Contudo ela designa duas operações uma de extirpação, outra de enxerto, ou seja, suga (retira-se) algo importante para poder preencher algo que lhe fará melhor; é um corpo estranho em meio ao texto, por que ela não me pertence, porque me aproprio dela; e estaremos sempre em meio a uma rejeição, mas contra isso temos que nos prevenir para que a operação seja um sucesso. Escrever nada, mas é que reescrever que também não é diferente de citar. A citação trabalha o texto, o texto trabalha a citação, ela não tem sentido em si, pois esta só se realiza em um trabalho, que a desloca e que a faz agir; o trabalho da citação depende do