O “Tempo do Trabalho para Todos do Coronel Frederico” e a Constituição de Uma “Cultura Fabril” Pelos Operários.
No texto de Leite Lopes, os relatos que nos são dados pelos funcionários da fábrica CTP de Paulista estão relacionados com as experiências do tempo presente (considerando tempo presente os anos de 1976 e 1977, caracterizado pela vivencia e probabilidade de desemprego, trabalhos exaustivos e o maior rigor acerca da documentação trabalhista) comparadas as experiências, e idealizações, do trabalho no tempo do Coronel Frederico até os anos imediatamente posteriores a 1964.
Diante da incerteza do presente, e da relação de dominação cada vez mais explicita, esses trabalhadores evocam a abundância do trabalho em tempos passados, em que crianças, velhos e, até, deficientes físicos eram empregados na fábrica. No entanto tais depoimentos estão impregnados com as temeridades do tempo presente, pois, por trás dessa abundância de trabalho, no tempo passado estavam salários baixíssimos pagos aos maiores números de trabalhadores no qual o salário família era o montante necessário para a sobrevivência de toda a casa. O autor coloca que a imagem da abundância do trabalho, ou da fartura de emprego, pressupõe uma visão do dom patronal do oferecimento de trabalho, num contexto de comparação com o desemprego e escassez de trabalho no tempo presente.
A dominação exercida pela companhia também é notada nas brincadeiras dos operários da fábrica que são encaradas como uma “microfísica da resistência” as relações de dominação. Segundo o autor “se o “tempo da abundância do trabalho” propicia a possibilidade constante da readmissão, e como isso a reação individual às arbitrariedades dos chefes imediatos, ele também propicia um clima de trabalho que os operários conseguem recriar, atenuando a hostilidade de suas condições de trabalho. […] Faz parte da experiência adquirida de