O São Francisco não aguenta
Nessa linha de pensamento, aprofundamos nossa pesquisa sobre o pleito quase que geral da população de Janaúba e Nova Porteirinha, no norte de Minas, com vistas a canalizar a água do rio São Francisco para a barragem Bico da Pedra, localizada a 4km da sede desses municípios.
Numa análise mais aprofundada, conclui-se que é um pleito, grosso modo, egoísta. Basta ter um entendimento razoável, para se chegar a essa conclusão, afinal são mais de 15 milhões de pessoas que vivem ao longo da bacia do São Francisco. E, por outro lado, nos últimos 50 anos, a vazão do “Velho Chico” diminuiu 35% (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). A maior redução de vazão dos rios da América do Sul.
Essa redução da vazão, pelos diversos usos, já está causando o avanço do mar por dentro da calha do rio. A manifestação mais dramática é o recuo da linha de costa, que já causou a destruição do povoado Cabeço (Sergipe), situado na margem sul. As perdas materiais contabilizaram dezenas de casas, escola, igreja, além de uma grande área de praia. Apenas o farol, construído no século 19, resistiu à ação das ondas e marés e aparece dentro do oceano como testemunho do estado de degradação.
Nos últimos anos, em vários momentos ficou evidente a má gestão do regime do rio, motivada pela ganância em querer extrair do rio São Francisco mais do que ele pode dar para geração de energia e irrigação, prejudicando todos os demais usos e a saúde da fauna, flora ciliar e do próprio rio.
Sinais preocupantes da superexploração
O uso inadequado de água na irrigação em toda bacia já está provocando um