O Solo E A Crise De água
POR Raimundo Nonato Brabo Alves Com a crise hídrica do Sudeste, a maior preocupação é com o retorno das chuvas, para a reposição do nível das represas a patamares ideais de segurança de fornecimento de água para a população e indústrias. Outra medida é de construção de infra- estrutura de reforço a estações já existentes, como adutoras e transposição de rios. Pouca atenção tem sido dada ao diagnóstico das causas que provoca- ram esse défi cit hídrico, para a tomada de soluções mitigadoras da crise no futuro. Momento em que a ONU determina que 2015 seja comemorado como “O Ano Internacional do Solo”, seria importante aproveitar a ocasião para fazer uma avaliação das condições de uso deste recurso no Brasil, tanto no meio rural como urba- no. As condições de uso do solo em uma região determinam a maior ou menor eficiência no seu ciclo hidrológico.
Mil anos para formar 1 cm Um solo classicamente construído (1 cm de solo leva em média 1.000 anos para se formar) deve ser constituído de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). Para que estas duas últimas fases façam parte do solo é necessário que algumas propriedades nele estejam presentes, como porosidade e permeabilidade. Inúmeras funções são exercidas no ciclo hidrológico por um solo bem manejado. A primeira é a de armazenamento de água momento em que somente os microporos estão retendo umi- dade, denominado de “ponto de murcha”. A segunda é a de “filtro” de purificação da água que se infiltra pelos macroporos e vai alimentar o lençol freático, quando a quantidade de água no solo ultrapassa a “capacidade de campo”, ou seja, está saturado de água. Num solo perfeitamente drenável, a água se permuta com os gases na ocupação dos macro e microporos, tendo