O sociedade ideal para platão
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Para responder a isso é preciso entender que Platão era adepto da teoria da transmigração ou do eterno retorno das almas, fenômeno conhecido como palingenesia. Tudo o que existe aqui no mundo real, em nosso mundo, não passa de uma projeção materializada do mundo das idéias que está bem além da nossa percepção sensitiva, conservando-se nele todas as formas que existem (tantos os objetos, tais como cadeiras e mesas, como as idéias morais). Nosso corpo, ao morrer, faz com que a alma (psikê) se desprenda dele e flutue em direção ao lugar celestial onde se encontram as idéias ou formas (o tópos ouranós). A alma dos filósofos, dos homens amantes do saber, é a que mais se aproxima deste mundo, percebendo então na suas plenitudes, mais do que as almas das gentes comuns, as idéias de bondade, beleza e justiça. .É exatamente esta qualidade da alma do homem sábio é que o torna mais qualificado para ser o governante da sociedade perfeita. Portanto, segundo um conselho de Sócrates exposto por Platão, todo o reformador social, o legislador que deseja melhorar os homens e a sociedade, deve agir como um pintor de paisagens que fica horas admirando os céus para tentar reproduzir a sua beleza na tela. É olhando para os elevados, para os cimos celestiais, que se consegue a inspiração para melhorar a vida na terra.
Essa elaborada justificativa de Platão, alijando o povo do governo da sociedade perfeita e entregando-o a um grupo seleto de homens do saber, servirá, ao longo dos séculos, para todos aqueles que defendem um governo das minorias especialistas, chegando até o presente, nos que fazem a apologia da tecnocracia.