O sequestro ao nibus 174
O documentário se propõe a recontar o caso através de entrevistas com os passageiros, com a polícia e com a imprensa. A produção também busca oferecer uma explicação para o episódio através de um estudo biográfico de Sandro (nele, por exemplo, temos conhecimento de que Sandro é um sobrevivente do Massacre da Candelária, que sua mãe foi assassinada quando ele ainda era muito pequeno e que sua condição marginalizada o levou a inúmeras prisões).
Sandro nasceu em 1978 e foi criado pela mãe até os seis anos (quando ela, grávida, foi assassinada na sua frente). Adotou o apelido de ‘Mancha’ e passou a ser morador de rua (viciou-se em drogas, nunca aprendeu a ler ou escrever e teve inúmeras passagens em instituições jovens delinquentes). Seus únicos contatos familiares (com forte alusão a figura materna) foram: sua tia Julieta, a assistente social Yvone Bezerra e a mãe Dona Elza da Silva. O sequestro ao ônibus 174 ocorreu em Junho onde Sandro fez 11 pessoas de reféns. Após o sequestro (que resultou na morte da estudante Geisa), Sandro foi imobilizado pela Polícia e morreu asfixiado na viatura.
Há muitos aspectos que chamam atenção sobre o caso do ônibus 174 e Jaguaribe sabiamente destaca um deles: “o revelador e o inusitado do sequestro ao ônibus não é a trajetória terrível de Sandro. Não é a morte absurda da jovem Geisa, nem a espantosa incompetência da polícia e das autoridades, nem mesmo a condição execrável das prisões no Brasil. O que marca singularmente o episódio