O sentido da vida.
Aquele que não conseguiu atingir o objetivo que procurava na sua juventude, e que não encontrou nada que o substituísse, pode lamentar a falta de sentido da sua própria vida, mas pode ainda acreditar que a existência em geral tem sentido e pensar que tal sentido está presente nos casos em que uma pessoa atingiu os seus objetivos. Mas aquele que, depois de muito esforço, conseguiu atingir os seus propósitos, e que depois descobriu que o seu prêmio não é tão valioso como parecia, de alguma maneira sente-se enganado — confronta-se abertamente com a questão do valor da vida e diante dele, como um solo sombrio e devastado, permanece o pensamento de que, para além de todas as coisas serem transitórias, em última análise tudo é em vão…
Qual é a razão para a estranha contradição que consiste no fato de o sucesso e a satisfação não se fundirem num sentido apropriado? Não parece prevalecer aqui uma lei inexorável da natureza? O ser humano estabelece objetivos para si próprio, e enquanto os persegue apoia-se na esperança, é verdade, mas ao mesmo tempo vive atormentado pela dor do desejo insatisfeito. Logo que atinge o objetivo, no entanto, depois da primeira sensação de triunfo segue-se inevitavelmente um sentimento de desolação. Permanece um vazio, que aparentemente só pode culminar com a emergência dolorosa de novas ambições, com o estabelecimento de novos objetivos.