o senhor das moscas
No começo, tudo corre bem, e a necessidade de nomeação de um líder único, que concentre em si algumas atribuições, aponta para Ralph. Carismático, ele acredita que, para conseguirem êxito, precisam construir abrigos e desenvolver plantações, e usa da inteligência de Porquinho para tornar suas propostas mais concretas e fundamentadas. Contudo, Jack, o líder caçador e representante da força, discorda, e estimula nos companheiros um espírito desbravador e controlador, focado na caça e no caos.
Conforme os desentendimentos entre os líderes vão ganhando força, o que antes era unidade na ilha torna-se embate, e o confronto é iminente. Apesar de poucas pessoas – ou crianças – terem sobrevivido e, teoricamente, precisarem de todos para o cumprimento de elementos básicos de preservação, mesmo assim lutam entre si, até que uma guerra é declarada.
Quando William Golding decide adentrar nesse campo, em 1953, o mundo acabara de sair da Segunda Guerra Mundial. Pois o que parecia ser um simples livro de aventuras infantil, com histórias de piratas e caça ao tesouro, na verdade escondia características de uma sociedade pós-guerra, cuja perspectiva ainda era o provável fim da civilização.
A proposta que o autor nos faz é uma reflexão sobre a impossibilidade de vivermos sozinhos, porém, com todas as dificuldades de nos aceitarmos como um grupo. É isso que ocorre com os garotos na ilha, quando decidem deixar que o Senhor das Moscas, o mestre da selvageria e da barbárie tome conta do Paraíso Perdido.
O estado de natureza, citado por vários pensadores na história da filosofia, pode, dentro do cenário proposto no livro, ser