O Segredo do Oratório
“Isso (o marranismo) é parte da nossa história e não dessa comunidade advinda dessa parte da Europa, que tem só 70 anos em Recife. Nós estamos aqui há 500”, diz Odmar, que voltou ao judaísmo depois de descobrir suas raízes de cristão-novo. “Realmente, é um pouco traumático para rabinos ortodoxos encontrar um nordestino que come tapioca, cuscus, carne de sol com macaxeira e faz um kidushinho (de kidush, a reza do vinho) com cachaça”, ri o poeta pernambucano.
O documentário, de 2005, mudou a vida da jornalista carioca Luize Valente, que ficou ainda mais fascinada pela história dos judeus conversos do Brasil. Tanto que ela decidiu contar, em forma de romance, parte dessa História do Brasil desconhecida até mesmo pelos próprios judeus. O resultado é “O segredo do oratório” (Ed. Record, 320 páginas), a saga de uma família de marranos que atravessa três séculos no Nordeste.
No livro, que mistura aventura, revelações inesperadas e informações históricas, Luize transforma em palpável esse capítulo oculto da narrativa nacional, que ignora as raízes judaicas da terra descoberta por Cabral. Afinal, historiadores