Documento 16
VALIM, Patrícia. Da contestação à conversão: a punição exemplar dos réus da Conjuração Baiana de 1798.Topoi, Rio de Janeiro: UFRJ, v. 10, n. 18, p. 14-23, jan.-jun. 2010.
Da contestação à conversão: a punição exemplar dos réus da Conjuração Baiana de 1798.
Na manhã de 12 de agosto de 1798, boletins manuscritos foram afixados em locais públicos da cidade de Salvador, convocando a população para uma "revolução" que implantaria a 'República Bhiense", a população foi informada do movimento que objetivava acabar com o jugo da dominação portuguesa e a abusiva cobrança de impostos no Brasil e o incentivo para o comércio.
No mesmo dia d. Fernando José de Portugal e Castro, governador da Bahia, ordenou que se abrisse uma investigação para se descobrir o(s) autor(es) de tão "odiosa empresa". Assim que d. Fernando ordenou a instauração da devassa seguiu-se a prisão de Domingos da Silva Lisboa. No dia 20 de agosto de 1798, foram encontradas duas cartas na Igreja do Carmo assinadas pelos anônimos republicanos. A primeira delas foi destinada ao prior dos carmelitas descalços e a segunda foi para o governador, d. Fernando José de Portugal e Castro.
O desembargador Avellar e Barbedo não verificou as informações sobre o governador ter sido escolhido o chefe do que viria a ser a "República bahinense". Tampouco procurou a relação do prior dos carmelitas descalços com os partícipes da revolta. É possível sabermos como foram esses momentos, graças a dois relatos do prior do Convento de Santa Tereza, Frei José do Monte Carmelo. Ainda que os relatos tenham conteúdos distintos, suas relevâncias vão além de relatar o suplício daqueles quatro homens, uma vez que os relatos suscitam duas questões importantes acerca do conhecimento que se tem atualmente da Conjuração Baiana de 1798. Após “todos os delinqüentes” terem sido chamados para ouvirem as sentenças que os condenariam à morte, Manuel Faustino e os outros condenados voltaram para o