O sabor do arquivo
Farge é uma pesquisadora com profundo conhecimento dos arquivos, sobretudo daqueles gerenciados pela Biblioteca do Arsenal, setor da Biblioteca Nacional da França. Entre outros arquivos e coleções, a Biblioteca do Arsenal custodia os Arquivos da Bastilha que incluem os processos de prisioneiros, arquivos da Polícia de Paris, documentos privados dos agentes da Bastilha, etc.
A autora utiliza os registros dos arquivos policiais da França no século XVIII, para revelar situações do contexto desse cotidiano social e, por intermédio deles, levar o leitor a perceber que não se tratam de simples páginas escritas e adormecidas, mas sim , informações complexas , que, a qualquer tempo, no olhar do pesquisador ou curioso, chegam à tona, desvendando mistérios, contando histórias e elucidando fatos, denunciando os crimes, os costumes, os segredos da sociedade da época, em um verdadeiro "debate social".
A rica vivência de Farge nos arquivos judiciários da Biblioteca do Arsenal (mas também no Arquivo Nacional e na Biblioteca Nacional) é objeto de uma cuidadosa reflexão sobre os encontros e desencontros entre o historiador e os arquivos no intento da escrita da história. Como tal, “O sabor do arquivo” é também uma narrativa sobre a natureza dos arquivos do ponto de vista de um dos seus usuários mais frequentes e emblemáticos: o historiador.
Pelos depoimentos policiais é possível conhecer o comportamento da mulher daquele século, o quão era atuante, mesmo na sua condição de subjugo, também os pequemos delitos de delinquentes, a perseguição ao chambrelan, os acontecimentos de Paris.
A autora faz a leitura do arquivo utilizando-se de um jogo de paradoxos, ao tempo em que fala da monotonia, ressalta a sua dinâmica, do silêncio que impera, enfatiza o soar das palavras dos manuscritos, quando consultados e lidos seus registros.
Fala da fragmentação dos acontecimentos, da desordem, do tamanho do arquivo, da