O que é língua padrão?
Mas, afinal, o que é língua padrão?
Já sabemos que as línguas são um conjunto bastante variado de formas linguísticas, cada uma delas com a sua gramática, a sua organização estrutural. Do ponto de vista científico, não há como dizer que uma forma linguística é melhor que outra, a não ser que a gente se esqueça da ciência e adote o preconceito ou o gosto pessoal como critério. Entretanto, é fato que há uma diferenciação valorativa, que nasce não da diferença desta ou daquela forma em si, mas do significado social que certas formas linguísticas adquirem nas sociedades. Mesmo que nunca tenhamos pensado objetivamente a respeito, nós sabemos (ou procuramos saber o tempo todo) o que é e o que não é permitido... Nós costumamos “medir nossas palavras”, entre outras razões porque nosso ouvinte vai julgar não somente o que se diz, mas também quem diz. E a linguagem é altamente reveladora: ela não transmite só informações neutras; revela também nossa classe social, a região de onde viemos, o nosso ponto de vista, a nossa escolaridade, a nossa intenção... Nesse sentido, a linguagem também é um índice de poder. Assim, na rede das linguagens de uma dada sociedade, a língua padrão ocupa um espaço privilegiado: ela é o conjunto de formas consideradas como o modo correto, socialmente aceitável, de falar ou escrever. Como surgiu o padrão? Naturalmente que este padrão não se estabeleceu por acaso; em todas as sociedades modernas ele foi o fruto de um processo histórico seletivo sempre ligado aos grupos sociais hegemônicos. Em outras palavras, a língua padrão, na sua origem, é a língua do poder político, econômico e social. Em decorrência disso, suas formas se mantêm por força de um intenso processo social coercitivo, que age em muitas direções. Uma delas é a própria escola, que (por mais pobre que seja, como a nossa) mobiliza sistematicamente todos os seus esforços no sentido de transmitir e conservar a