o que é isso, companheiro?
Essa é uma obra em primeira pessoa que vai trazer o relato do Gabeira enquanto militante na época da ditadura. O primeiro capítulo inicia com o autor já no exílio, com um homem correndo da polícia, tentando compreender como é que se meteu, de repente, no meio da Irarrazabal, se havia apenas cinco anos estava correndo da Ouvidor para a Rio Branco, num dos grupos que fariam mais uma demonstração contra a ditadura militar que tomara o poder em 64.
Com a euforia da possibilidade de instalar o regime comunista no Brasil, Gabeira lutou pelos seus ideias. Para tal, não economizou esforços. Ajudou a organizar a passeata dos Cem Mil e com o objetivo de mostrar a sociedade os absurdos da ditadura, que não eram noticiados e tão pouco se ficava dos acontecidos. Teve a idéia de sequestrar o embaixador dos EUA, Charles Burke Elbrick, algo que seria noticiado, devido à importância dos estados Unidos no Brasil na época, e assim não passaria despercebido para a população. Foram chamados dois companheiros de guerrilha com mais experiência e o sequestro foi concretizado. Elbrick foi trocado pela libertação de quinze presos políticos que acabaram sendo exilados.
Algum tempo depois, os responsáveis pelo sequestro também foram presos e, todo lado negro da coisa à parte. Gabeira foi detido em 1970 e tentou escapar, mas acabou atingido por um tiro nas costas que perfurou vários órgãos. Os ferimentos demandaram cuidados médicos e ele não foi levado ao DOI-CODI, por isso, não sofreu a "convencional" tortura como tantos outros, até ser transferido para o Dops e, em seguida, para a Ilha das Flores. Era o único preso, porque o dops estava em obras e os outros foram transferidos para o 31º Distrito, em Ricardo de Albuquerque. A cela era tão pequena que a pessoa mal podia se mexer, ou mesmo estirar o corpo para dormir em paz. Chamava-se Ratão porque havia ratos que mordiam os presos. Naquela noite não apareceu nenhum rato e foi sorte deles. Ele estava tão