o que é folosofia politica
Leo Strauss
I - O Problema da Filosofia Política
O sentido da filosofia política e seu caráter significativo são tão evidentes hoje como foram desde a época em que a filosofia política surgiu em Atenas. Todas as ações políticas visam ou a preservação ou a mudança. Quando o que se deseja é preservar, desejamos prevenir mudanças para pior; quando o que se deseja é mudar, desejamos trazer algo melhor. Todas as ações políticas são, portanto, guiadas por algum pensamento de melhor ou pior. Mas o pensamento do melhor ou pior implica pensamento do bom. A percepção do bom que guia todas as nossas ações tem o caráter de opinião: não é mais questionável, mas, após reflexão, mostra-se questionável. O fato de que podemos questioná-lo, nos coloca em direção a tal pensamento do bom que não é mais questionável — em direção a um pensamento que não é mais opinião, mas conhecimento. Toda ação política tem em si própria um direcionamento ao conhecimento do bom: a vida boa, ou a boa sociedade. A boa sociedade é o bem político completo.
Se esse direcionamento se torna explícito, isto é, se os homens fizerem como seu objetivo explícito adquirir conhecimento da vida boa e da boa sociedade, emerge a filosofia política. Ao chamar essa busca de filosofia política, estamos afirmando que ela forma uma parte de um conjunto maior: da filosofia. Uma vez que a filosofia política é um ramo da filosofia, mesmo a explicação mais provisória do que é a filosofia política não pode dispensar uma explicação, ainda que provisória, do que é filosofia. Filosofia, entendida como a busca pela sabedoria, é uma busca por conhecimento universal, pelo conhecimento como um todo. Essa busca não seria necessária se tal conhecimento estivesse acessível imediatamente. A ausência de conhecimento do todo não quer dizer, entretanto, que os homens não têm pensamentos sobre o todo: a filosofia é necessariamente precedida por opiniões sobre o que é o todo. A filosofia é,