O que é Espaço?
Lipietz dirige uma crítica à concepção empirista do espaço, procurando passar o mesmo de um estado de noção para um conceito. Nesta crítica, é salientada a arbitrariedade na escolha da delimitação das regiões e na seleção do conteúdo concebidos de maneira prévia às chamadas “regiões” ou “lugares”, que devido ao seu caráter puramente quantitativo, não dão perspectiva de uma análise abrangente, bem como a concepção dos economistas, que concebem um espaço matemático, abstrato, que se insere nessa concepção empirista como espaços discretos ou euclidianos que resultariam em um espaço neutro e homogêneo, onde um continente já se encontra como um dado, um pressuposto, aonde vão se inscrever as coisas descritas.
À parte que a materialidade sempre contém uma dimensão espacial e temporal, a concepção empirista apresenta o espaço e o tempo como dados, realidades neutras e estáticas onde circunscrevem-se outras realidades (os acontecimentos que se desenrolam, as relações, etc.).
Partindo da crítica de Althusser à concepção empirista do tempo em Hegel, à continuidade homogênea do tempo (na qual o problema da ciência da história recai na divisão desse tempo contínuo em uma periodização) e à contemporaneidade do tempo (na qual todos os elementos do todo coexistem no mesmo presente, contemporâneos uns aos outros) se observa a relação estabelecida com essa concepção da homogeneidade de um espaço de onde só se tira fragmentos. Partindo desses pontos, em especial no que diz respeito à contemporaneidade do tempo é a coespacialidade do espaço (que permite a arbitrariedade de delimitar uma região ou localizar uma atividade “no espaço”.), que confere ao espaço essa concepção empirista, reflexo da concepção de totalidade social em Hegel, que fundo, constitui o cerne da crítica. É nessa direção que Althusser propõe uma reconstrução do conceito de tempo: a partir da concepção de totalidade marxista, não é possível conceber como fazendo parte do