O que é Burnout
Wanderley Codo, Iône Vasques Menezes
Jeca Tatu era considerado pelos vizinhos de roça como um preguiçoso, este sentimento que todos temos, nele era crônico, até que se descobriu que o problema de fato era uma verminose que lhe roubava a energia necessária para o trabalho. A literatura de Monteiro Lobato estava, e muito, próxima da vida. A história da ciência está repleta em substituir julgamentos morais feitos pelo senso comum por causas identificadas como problemas de saúde física ou psíquica: as histéricas, na idade média, queimadas como bruxas até que se diagnosticasse que estavam ‘doente dos nervos’; o alcoolismo considerado ‘falta de vergonha na cara’ até que se apontasse a dependência químico-psicológica da droga. A lista é interminável e interminada, mais e mais caminhamos no sentido de descobrir razões objetivas para síndromes e sintomas dantes considerados como deformações pessoais de caráter. Já se viu que o professor faz muito mais do que as condições de trabalho permitem; já se viu que comparece no tecido social compondo o futuro de milhares e milhares de jovens que antes dele sequer poderiam sonhar. Mas existe um outro professor habitando nossa lembranças: Um homem, er cansado abatido, sem mais vontade de ensinar, um professor que desistiu. O que nos interessa aqui são estes professores que desistiram; entraram em Burnout. Neste sentido, estes professores e demais trabalhadores em educação bem que poderiam ser considerados uma atualização de ‘Jeca Tatu’, tal e qual imaginou Monteiro Lobato, parecem preguiçosos, mas estão, por assim dizer, “doentes”. Quem tem ou teve filhos na escola, ou quem ainda frequenta uma, pode ter na memória a imagem de um professor desanimado, queixoso até de detalhes insignificantes sobre o seu trabalho, sua clientela, tratando os alunos como se estivessem lidando com uma linha de montagem de salsichas, a imagem vem da ópera rock ‘The wall’: ‘Hey teacher, leave the kids alone’ (Professores, deixem