O que é cinema
Jean-Claude Bernardet, professor da Universidade de São Paulo, procura abordar neste ensaio alguns momentos da história do cinema que foram relevantes, ou que marcaram por apresentar mudanças na produção cinematográfica – avanços, inovações de estilo, edição, enquadramento, etc. Contudo, é chegada ao fim a leitura e a pergunta “O que é cinema?” para o autor continua sem uma resposta, afirmando ele não ser possível responder a tão “pretensiosa” pergunta. Assim, o que ele propõe é que façamos um passeio por esses anos de vida de sua existência.
O autor relembra o episódio que, para a historiografia, ficou conhecida como a primeira exibição da máquina criada pelos irmão Lumière. O primeiro filme – com poucos minutos, sem som, sem narrativa ou mesmo sem uma história para ser apresentada – mostrava a chegada de um trem na estação, gravado em um ângulo capaz de pegá-lo ainda ao longe e vindo aproximando-se na direção da câmera. Essa cena, bastante conhecida por quem trabalha com a história do cinema, ficou famosa pela reação da plateia – receosos com o trem vindo na direção deles, a maioria se apavorou, se assustou, ou saiu correndo. Para o autor, tal episódio trazia o que seria característica presente nos filmes, a ilusão – “impressão de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema” (pág. 12).
Em seguida, o autor busca compreender melhor como o cinema, que inicialmente não foi visto como um divertimento (o mesmo foi criado no intuito de ajudar à ciência), vai se constituindo enquanto empresa e lucrando com a distribuição – os EUA, a partir da Primeira Guerra Mundial começam a investir tanto na sua produção de filmes quanto em leis que os coloquem nas salas de exibição dos cinemas exteriores (dentre eles, a Europa era um dos maiores focos de distribuição). Observando alguns conceitos presentes em Marx, o autor faz-nos perceber como se uma mercadoria a ser trocada e o quanto ela precisa divulgar, pois seu produto não pode ser