O Que Uma Tese
Publicado em 13/03/2012
Hoje em dia no Brasil, o normal é o aspirante a cientista fazer primeiro um mestrado para depois fazer um doutorado e conseguir a faixa preta em pesquisa (só o 1º dan, é claro), dando início oficialmente à sua carreira de pesquisador independente. Uma importante diferença entre esses dois cursos de pós-graduação é o requerimento final para se formar: no mestrado é preciso apresentar uma dissertação, enquanto no doutorado deve-se defender uma tese. Mas no que diferem esses dois tipos de trabalho de conclusão?
Do ponto de vista do estilo de redação, teses são um tipo especial de dissertação. Academicamente, a diferença é muito maior. Uma dissertação de mestrado não precisa ser o relato de uma pesquisa original. O candidato pode apenas escrever sobre um tema científico de interesse, resumindo o conhecimento na área e, opcionalmente, dando sua opinião. Já a tese é uma dissertação na qual se defende uma idéia científica original. Ou seja, na tese produz-se conhecimento novo.
A tese é, em suma, uma proposição sobre como funciona um fenômeno de interesse. Ela é a resposta para uma pergunta científica e por isso tem a forma de uma afirmação. Por exemplo: algumas aranhas que vivem em bromélias são mutualistas com elas, porque lhes fornecem nutrientes vindos de restos de alimentos e excretas (Romero 2005). A tese, filosoficamente, é uma nova hipótese que foi testada pelo proponente e que ele não pôde refutar; por isso ela é aceita provisoriamente como a resposta da pergunta de trabalho. Essa mensagem central é a tese: todo o resto do texto serve para embasá-la e justificar sua relevância. A tese pode ter tanto um caráter qualitativo quanto quantitativo; pode ser mais voltada para história natural (focada no organismo) ou firmemente baseada em alguma teoria; tanto faz. A tese não precisa ser necessariamente baseada em dados novos coletados no campo ou no laboratório pelo candidato; ela também pode ser baseada em dados compilados