O que afeta as exportações
Marcos Souza
masouza@ecen.com
Carlos Feu Alvim
feu@ecen.com
Falsos Diagnósticos
Os sinais de recuperação da economia americana já provocam uma onda de otimismo em relação aos negócios no Brasil. O argumento é que uma recuperação da economia daquele país e de outras economias subsidiárias aumentaria nossas exportações.
A situação parece análoga – embora no sentido inverso – à deflagrada quando se instala uma crise na economia americana; quando surge, de imediato, uma onda de pessimismo na economia brasileira. Nessas situações, comumente ouvimos a velha frase: “um resfriado nos EUA corresponde, quase sempre, a uma pneumonia no Brasil”. Há quem diga justamente o contrário: que as crises americanas têm, inicialmente, um reflexo negativo no Brasil e, posteriormente, um longo período de efeitos benéficos.
Ora, os EUA entraram em crise com a chegada de W. Bush, depois de quase 10 anos de contínuo crescimento e de recuperação das contas públicas na administração Clinton. Todavia, na década de prosperidade americana, o crescimento da renda per capita brasileira ficou patinando. Nos meses de crise americana, no início do governo W. Bush, estivemos alcançando recordes históricos em nossas exportações. Essa situação parece, no mínimo, surpreendente!
Na situação atual, uma recuperação nos EUA trará, provavelmente, uma elevação da taxa de juros no mercado do dólar. Como o Brasil encontra-se altamente endividado, a primeira conseqüência pode não ser tão positiva já que dificultaria, no curto prazo, o ingresso de capitais para o Brasil e teríamos que fazer um esforço maior para pagar o serviço da dívida. Na análise preliminar nesse artigo, referente aos últimos 30 anos, as alterações no crescimento dos EUA parecem irrelevantes no comportamento das exportações brasileiras.
No Brasil, somos especialistas em falsos diagnósticos econômicos. Os médicos sabem (e os pacientes que sofreram disso, mais ainda) que para o