Como o câmbio afeta as exportações e importações
07/05/2009 por Luciana Seabra
É só o Real começar a valorizar-se que os protestos de exportadores multiplicam-se pelos jornais. Fala-se em prejuízos à indústria nacional e em produtos menos competitivos no mercado internacional. Aí surge a dúvida: não é bom para todos que a moeda brasileira tenha mais valor?
Imagine que você seja um exportador de sapatos. Você envia uma quantidade do produto para o exterior e recebe em troca 10 mil dólares por mês. Consideremos uma taxa de câmbio em que cada dólar seja equivalente a dois reais. Suas despesas são em reais e, ao fazer a troca de moedas, você terá 20 mil reais em mãos.
Agora vamos supor uma valorização do real, de tal forma que seja possível comprar 1 dólar com menos dinheiro: 1 real. Se quiser pagar as mesmas despesas do mês anterior, considerando inclusive que os custos com a produção foram mantidos, você terá que cobrar 20 mil dólares pela mesma quantidade de sapatos, o dobro. Seu produto fica mais caro no mercado internacional, com mais chance, assim, de perder para concorrentes. Ou você pode reduzir o preço dos sapatos, com perda de lucro, e até risco de falência.
Por causa da valorização do Real, você também pode ganhar mais concorrentes no mercado interno. O Real forte tem mais poder de compra. Um sapato importado de 100 dólares, que antes custaria 200 reais ao seu comprador, com o novo câmbio sairia por 100 reais. Com o concorrente mais barato, você pode perder o consumidor ou abaixar o preço também, perdendo lucro. Isso considerando, por simplicidade, que os dois produtos são substitutos e que não há preferência por marca, por exemplo.
A valorização da moeda e a consequente concorrência dos produtos estrangeiros pode ser positiva para o consumidor no sentido de reduzir os preços. Pode, entretanto, ser destrutiva para a indústria local e para os empregos no país se não pudermos, por exemplo, competir com os custos dos produtores