O quarto fechado - lya luft
Tessituras, Interações, Convergências
13 a 17 de julho de 2008
USP – São Paulo, Brasil
“O quarto fechado”, de Lya Luft: uma ilha que emerge na noite
Profa. Ms. Vanessa Moro Kukul1 (UNICAMPO)
Resumo:
Este estudo, fruto de dissertação de mestrado intitulada “O quarto fechado, de Lya Luft: uma ilha que emerge na noite...”, constitui-se numa leitura do romance O quarto fechado, da referida escritora. Nela, indaga-se acerca da significação do quarto na condição da vida humana, demonstrando o apego do homem pelos espaços; procura-se compreender o quarto como temática de experiência existencial e estética na literatura e metáfora do que é insondável.
Palavras-chave: Romance brasileiro, Lya Luft, espaço, morte.
Os mortos têm sua linguagem e transmitem um recado que é ao mesmo tempo uma advertência e uma condenação daquilo que vivemos.
Lúcio Cardoso
Por intermédio do espaço e seu equipamento de coisas, o ser transparece no esforço do corpo.
Antonio Candido
Vigilantes ou sonhadores, a maioria de nós compreende que existir significa habitar. Habitamos espaços reais e espaços imaginários. Estes, não raramente, designam nossa psiquê e aqueles nos situam espacialmente no universo e nos revelam (nossas preferências, manias, assombros etc).
Os espaços são vividos em sua realidade e em sua virtualidade. Neste estudo, reflito a respeito do espaço quarto não só na literatura, mas na cultura ocidental dos últimos séculos. Lugar praticado, tal espaço é concebido como símbolo do desenvolvimento da intimidade, metáfora de uma condição existencial ligada à solidão e ao confinamento.
Os espaços imaginários nos concedem “o privilégio de ultrapassar uma existência vivida na banalidade e no imediatismo. [...] O homem liberta-se do domínio da concretude” (TRINCA, 1998,
p. 12). É capaz de voltar no tempo e de visualizar um futuro, pode subtrair distâncias geométricas para, imaginariamente, encontrar-se com alguém ou