nada
A trama mostra um casal separado que se reencontra ao lado do caixão de seu filho morto, cada um vai rever a sua vida e o que os conduziu a aquela trágica situação. Lya Luft aborda novamente um tema recorrente em sua literatura: as relações humanas, sobretudo familiares, e mais especificamente a morte, um dos temas mais questionados pelo homem e pouco explorado pelos escritores. Neste livro ela se torna personagem central, tema do qual não se pode fugir, porém todos procuram negar, e é tratada de maneira densa, misteriosa e por vezes poética. O leitor assiste em flashback o sofrimento de um adolescente suicida e sua irmã gêmea, um ser repulsivo trancado num quarto, e outros personagens que retratam as inquietudes do ser humano. Loucura, amores frustrados, fatalidade, segredos, omissão, culpa, ternura, desencontros e delicadeza fazem com que o leitor por vezes sinta-se retratado, tocado, compreendido, cumplice. Somos nós esses personagens, estamos aí, expostos, frágeis, corajosos, lutando por abrir caminho, por enxergar a noite.
Por ter traduzido para o português obras de Virginia Wolf alguns críticos teimam em afirmar a influência da escritora londrina na obra de Lya. Também muito comparada a Clarice Lispector, pela sensibilidade feminina, e aí leia-se feminina e não feminista, como se somente uma escritora brasileira pudesse dissertar sobre os sentimentos humanos, Lya rebate; “Sou fascinada pelo lado complicado. Tenho um olho alegre que vive: sou uma pessoa despachada, adoro