O processo de demonização da pobreza
Dara Sant’Anna Carvalho Ignacio
Sumário: I- Introdução; II- Pobre demônio; III- Papel do Estado; IV- Mídia; V- Conclusão; Referências.
Resumo
O aumento da violência urbana tem sido motivo de discussão e as questões de segurança pública têm recebido demasiada atenção da mídia e das populações.
A prestação de serviços relativos à segurança tem movimentado cada vez mais dinheiro em todas as sociedades ocidentais.
O sentimento de insegurança que ronda as sociedades contemporâneas é fruto de todo um processo de redução do Estado e de flexibilização das relações de trabalho.
Nesse contexto, este trabalho vai apontar que há todo um aparato político e ideológico que sustentará essa ideologia de que as classes pobres são perigosas.
Palavras-chave: violência urbana, marginalização, pobreza.
I- Introdução
Para Machado apud Nascimento (2000), na década de 1980, a violência urbana ganha contornos de um tipo de sociabilidade e uma resposta de revolta que não proporciona recursos de assimilação, mas que, ao invés disso, agudiza seus mecanismos de exclusão.
Chamando atenção para a violência que se abate sobre os setores mais ricos da sociedade e que se manifesta na forma de roubo, sequestro e assalto à mão armada, Nascimento (2000) diz também, que o crescimento da violência urbana está diretamente relacionado à recusa que as populações pobres sofrem ao acesso ao espaço de obtenção de direitos. Em outros termos, estes grupos sociais – como, por exemplo, moradores de rua e favelas, índios – passam a “não ter direito de ter direitos”.
De acordo com Malaguti Batista (2003), na Cidade Nova, camadas paupérrimas foram expulsas do centro num violento processo de despejo e demolição (“bota abaixo” de Pereira Passos), que foi aclamado pela imprensa e marcou o início da idéia de que as classes pobres eram perigosas.
Sendo assim, o objetivo desse trabalho é compreender o processo de demonização da pobreza. Por isso, primeiro será abordado