O processo de cercamento e a transformação da terra em capital
As considerações analisadas e abordadas nesse artigo são baseadas nas seguintes obras: O Capital – Livro I, Karl Marx (1996); A Era do Capital (1848-1875), Eric Hobsbawm (1995); Costumes em Comum, E. P. Thompson (1998); História Econômica, Ciro de Barros Rezende Filho (2001).
De acordo com Thompson (1998), as terras comunais eram faixas de terras de uso comum disponibilizada para a população pobre, utilizadas como pastagem, terrenos para caça, coleta de madeira para lenha, criação de coelhos etc. Essas terras “criavam uma economia de subsistência para os pobres” (THOMPSON, 1998: 93)
Para Marx (1996) esses camponeses eram livres, pois eram economicamente autônomos, aproveitavam seu tempo de lazer para trabalhar nas grandes propriedades como trabalhadores assalariados. Além disso, utilizavam as terras comunais para pasto, coleta de lenha e turfas. Marx (1996) complementa que na Europa, a produção feudal era caracterizada pela partilha do solo entre os súditos, porque o poder do senhor feudal era baseado não na sua renda, mas sim na quantidade de súditos existentes que dependiam do número de camponeses economicamente autônomos.
Entretanto no séc. XVIII argumenta Thompson (1998) que os tribunais florestais caíram em desuso, sendo assim a vigilância da Coroa sobre as terras comunais diminuiu relativamente, com isso o abuso e apropriação dessas áreas tornaram-se uma prática rentável. “Os poderosos invadiam os caminhos, cercavam novos territórios de caça, derrubavam acres de árvores, [...] faziam incursões para caçar cervos, vendiam gravetos e tojos.” (THOMPSON, 1998: 91).
Com o desenvolvimento da manufatura de lã na Inglaterra, Marx (1996)