O problema dos universais na lógica de aberlado
O germe do problema dos universais, tema central da filosofia medieval, tem origens no pensamento grego antigo.Foi nos seus estudos sobre as categorias aristotélicas que Porfírio formulou as questões sobre a existência dos gêneros e das espécies. Mais tarde Boécio ofereceria uma solução a tais problemas, que seriam novamente resgatados pelos filósofos da Idade Media.
De forma mais profunda o tema foi abordado por Aberlado em sua Lógica para principiantes, que apresenta o problema em três perguntas: Se os gêneros e espécies existem por si? Se existem, quais são corpóreos ou incorpóreos? Estão unidos num suporte físico ou num além deles?
Os dois filósofos clássicos mais influentes do período tinham respostas claras a estas perguntas. Em Platão o universal, a Ideia, existia por si independente dos particulares; em Aristóteles ele se ligava ao sensível, mas aos dois se podia alcança-lo fora do sensível, isto é, entende-los pela razão.
O universal aristotélico, na forma de categoria, pode ser atribuído como característica de várias partes singulares, denotando união entre a palavra que designa e coisa designada. Boécio parta dai para afirmar que o universal é algo compreendido como incorpóreo, mas que, porem, se apresenta como corpóreo nos seus acidentes, aquele se faz característica de muitos, já este é caracterizado por um.
Mais está claro, como afirma o próprio Abelardo, que um singular pode se predicar de mais de um princípio universal, o que abre caminho para a existência de contrários no mesmo ponto comum, assim, por exemplo, não se poderia diferenciar o homem ser-racional de um animal irracional por ele poder ser dotado dos dois princípios, ou duas espécies.
A força da perspectiva é lançada como contra argumento a essa crítica, pois ser racional por uma razão e irracional por outra é algo aceitável no mesmo indivíduo, que seria mais bem explicado por sentenças que melhor informassem sobre seus modos,