O português do Brasil - Teyssier, P. (resenha)
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa: Sá da Costa, 1982
Capítulo IV – O português do Brasil
A língua portuguesa chega ao Brasil juntamente com Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500 e passa a ser disseminada a partir da colonização iniciada por meio das capitanias hereditárias fundadas em 1532.
Nesse momento três culturas se tornam presentes: a indígena, a africana e a portuguesa, cada uma carregando seus traços linguísticos, mas com uma dominância da portuguesa por sua posição de colonizadora. Essa mistura resulta nos “colonos”, falantes do português de Portugal, que adquirem traços específicos que se acentuam no decorrer do tempo; as populações indígena, africana ou mestiça aprendendo o português de forma imperfeita e o tupi que passa a ser gramaticalizado pelos jesuítas.
O tupi e o português caminham lado a lado até a segunda metade do século XVIII, quando torna-se por lei obrigatório o uso da língua portuguesa (1757). É também durante esse século que há as primeiras documentações de um português mais brasileiro. Em 1767, Frei Luís do Monte Carmelo assinala pela primeira vez um traço fonético do português brasileiro, que é o de não distinguir entre as pretônicas abertas e as fechadas.
Com o passar dos anos o português de Portugal foi desaparecendo e abrindo espaço para o português brasileiro e este por sua vez, na atualidade, divide-se em alguns dialetos característicos de cada região do Brasil, numa divisão principalmente vertical e também estratificada nas diversas camadas sociais. No entanto, há certa dificuldade em analisar cada falar, pois eles sofrem mutações rápidas.
É nas grandes cidades que se estabelece, nas camadas socioculturais superiores, uma norma brasileira. O Projeto NURC procura investigar essa norma em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.
Através do NURC é possível analisar também as diferenças regionais nesses falares, como cada região tem uma forma diferente de pronunciar