O poder é a lei
O livro de Michael Connelly que deu origem ao filme “O Poder e a Lei” (EUA, 2011, 118 min.), “The Lincoln Lawyer”, já foi lançado no Brasil e recebeu o título de “Advogado de Porta de Cadeia” (publicado pela Editora Record). A direção é de Brad Furman, com roteiro de Johnny Romano, que deram um tratamento de “thriller” ao chamado “filme de tribunal”. Esmiuçam a atividade do advogado de “porta de prisão”, Mick Haller (Matthew McConaughey), cujo escritório é dentro de seu carro, um Lincoln (daí o nome original), a procura de clientes, especialmente os que possam pagar bem, mesmo que o dinheiro venha de gangues ligadas ao tráfico de drogas.
A rotina pouco elogiosa de Mick muda quando ele lhe indicam e aceita defender um “mauricinho”, Louis Roulet (Ryan Phillippe), de familia rica, detido por espancar uma prostituta. É desse caso que se desenrola toda a construção do perfil do tipo, advogado com poucos principios éticos, usando as artimanhas dos bastidores do sistema judiciário do qual é um dos membros. E se o esperto causidico vai conseguir livrar da cadeia seu cliente, usando das incoerências desse sistema, percebe a fragilidade da promotoria ao evidenciar a identificação das provas contra a vítima, contudo, vai enfrentar denúncias substantivas sobre delitos cometidos pelo seu proprio cliente. Daí porque sofre na pele o assassinato de seu ajudante, o detetive Frank Levin (William C. Macy), descobridor dessas provas que atestam mais de um crime cometido pelo réu.
Se o principio da confidencialidade entre advogado e cliente serve ao silêncio no momento da defesa sobre os fatos que parecem incriminar o réu, os arranjos para levar a procedimentos ardilosos após o julgamento subscrevem a nova faceta que o advogado vai planejar para sair da trama que o levou a arbitrar, seguindo sua própria consciência, uma defesa incontestável ao cliente. O paradoxo entre estar sendo ludibriado e as questões morais que o desviaram para o