O poder e a lei
É difícil dizer se existe de verdade uma tendência de mercado aí, mas o fato é que a adaptação ao cinema do livro Advogado de Porta de Cadeia (publicado pela Editora Record no Brasil), de Michael Connelly, lida com um elemento poderoso nestes tempos de Taylor Lautner sex symbol: a reafirmação do macho americano à moda antiga.
Matthew McConaughey não é Robert Mitchum, mas veste à perfeição esse tipo de papel que pede mais carisma e presença de cena do que talento em si. Ele é Mick Haller, pai de família separado, advogado que circula em Beverly Hills com seu motorista negro em um Ford Lincoln. Vem a ele um playboy (Ryan Phillippe) acusado de espancar uma garota de programa, e Mick aceita conduzir o caso, mesmo incerto da inocência do cliente.
O eterno garoto Phillippe é o contraponto ideal para fazer McConaughey parecer mais maduro, até mesmo mais sábio, com suas olheiras pouco a pouco mais fundas. O diretor Brad Furman não desperdiça planos e trabalha com close-ups o tempo inteiro, até o limite do bom senso. Essa escolha, normalmente discutível, gera para O Poder e a Lei dois dividendos: é um filme em suspense constante por conta desse corpo a corpo; e McConaughey, com suas frases de efeito e seu sotaque carregado, se sai melhor nas conversas ao pé do ouvido.
De nada serviria esse teatro se não fosse o texto de Connelly. Bom personagem de noir, o convencido Mick Haller é passado para trás no jogo que dominava - e como todo filme policial é antes um conto moral, a volta por cima de Mick exige que ele reavalie seus valores. Furman sabe matizar esse arco que já chega pra ele muito bem definido, das noites cor de âmbar em que Mick bebe até cair aos