O Plano Collor
BRASIL: PLANO REAL E A ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA INACABADA 1
Dirceu Grasel 2
RESUMO: Este artigo pretende mostrar que o Plano Real alcançou seus objetivos e que possíveis discordâncias resultam da falta de clareza sobre o propósito do plano, do tipo de inflação que se pretendeu combater e, ou, sobre a diferença entre estabilização monetária e estabilização econômica. Pretende mostrar também que todo programa de combate à inflação, que utiliza instrumentos ortodoxos, tem um custo econômico e social inevitável. Assim, o que deve ser questionado não é o custo imposto pelo Plano, mas se a intensidade desses custos é compatível com a conquista da estabilidade monetária, de fundamental importância para a viabilização do crescimento econômico sustentável.
PALAVRAS-CHAVE: Plano Real, estabilidade monetária e crescimento econômico sustentável.
1 INTRODUÇÃO
O debate sobre o sucesso do Plano Real é longo e, em 2002, diante da intensificação da instabilidade econômica resultante do processo eleitoral associado com a elevada fragilização externa e a possibilidade de retorno do processo inflacionário, essa discussão é retomada. De um lado, estão aqueles que defendem que o Plano Real atingiu plenamente seus objetivos, de outro, que o ocorrido em 2002 mostra que o processo inflacionário não está sob controle e que a qualquer momento poderemos estar diante de uma nova ameaça de aumento nos preços. Mais ao centro está os que aceitam que o Plano Real teve êxito no combate à inflação, mas afirmam que o que realmente é importante e precisa ser discutido são os custos econômicos e sociais da estabilização monetária. Parece evidente que esse tipo de discussão somente tem sentido se não houver clareza sobre:
i) o objetivo do Plano Real; ii) a compreensão do tipo de inflação que o Plano Real pretendeu combater; e ou iii) se houver incompreensão sobre a diferença entre estabilidade monetária e estabilidade econômica3. Diante disso, este artigo pretende