O pianista
Como comportar-se no bonde.
Art. I – Dos encatarroados.
Não podem entrar no bonde e tossir mais de três vezes, sendo o caso, quatro. Quando a tosse for muito forte, que não permita esta limitação, os encatarroados têm duas opções: Ou irem a pé, que é um ótimo exercício, ou meterem-se na cama. Poderiam ir tossir para o diabo que os carregue também. Os que estiverem nos limites dos bancos, devem escarrar para fora, não para dentro.
Art. II – Da posião das pernas.
Os passageiros devem manter as pernas, de modo que não seja constrangedor para os passageiros do mesmo banco. Não é proibido as pernas abertas, mas a condição de pergar os outros lugares, e fazê-los ocupar por meninas pobres ou mulherees desvalidas, mediante uma pequena gratificação.
Art. III – Da leitura dos jornais.
Quando o passageiro abrir o jornal, deverá ter cuidado para não encostar nas outras pessoas, não levar-lhes o chapéu. Também não é bonito encostar no passageiro da frente.
Art. IV – Dos quebra queixos.
É permitido o uso dos quebra queixos em duas circunstâncias: A primeira quando não for ningém no bonde, e a segunda ao descer.
Art. V – Dos amoladores.
Toda pessoa que dentir necessidade de contar seus negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve primeiro endagar o passageiro escolhido, para uma tal confidência, se ele for assaz cristão e resignado. No caso afirmativo, perguntar-se-lhe-á se prefere a narração ou uma descarga de pontapés. Sendo provável que ele prefira os pontapés, a pessoa deve imediatamente pespegá-los. No caso, aliás extraordinários e quase absurdo, de que o passageiro prefira a narração, o proponente deve fazê-lo minuciosamente, carregando muitos anos nas circunstâncias mais triviais, repetindo