o pequeno principe opinião
Saint-Exupéry relembra um fato da sua infância, quando viu em um livro sobre florestas a imagem de uma jibóia devorando um animal inteiro, sem mastigar. Impressionado com a gravura, ele tentou fazer um desenho que representasse o que havia aprendido: fez uma cobra que devorara um elefante inteiro. Os adultos não compreenderam, e ele foi aconselhado a largar os desenhos e se importar com coisas mais “sérias”, como os estudos de matemática e geografia. Assim, segundo o próprio autor, deixou de lado uma promissora carreira de pintor aos seis anos de idade.
Esta história remete ao caracol e à sua respectiva antena. Adorno diz que a inteligência é como a antena do caracol, que vai tateando o caminho a fim de conhecer o percurso. Quando encontra algum obstáculo, a antena se esconde no abrigo protetor do corpo e espera um longo período até ter coragem de novamente se expor ao mundo. Se o perigo ainda estiver presente, a antena se esconderá novamente, ficando desta vez escondida por mais tempo. O inicio da vida intelectual da criança é tão delicado quanto essa antena.
O autor de “O Pequeno Príncipe” sofreu em sua infância um tanto desta mutilação. Quando, ao apresentar o desenho aos adultos, foi repreendido, escondeu sua criatividade para não se afastar do normal. O medo de que seus pais deixassem de lhe amar se ele fosse diferente fez com que ele negasse e abandonasse o direito à sua inteligência, como forma de manter-se na forma medíocre da sociedade atual.
Em outros momentos do livro, o autor relata nas ‘pessoas grandes’ o efeito desta mutilação, um enrijecimento dos adultos. Todos apresentam uma postura repetitiva, compulsiva, que busca incessantemente pelo nada. Estando eles cercados por um muro,