O ovo e a galinha
Aluna: Jaqueline de Lima Braz Santos
O ovo e a Galinha
Rio de Janeiro, RJ.
Janeiro/2013.
A autora do conto “O ovo e a galinha” aparece com a ideia de, talvez, sermos apenas corpos utilizados para “camuflar” algo de maior que existe dentro de nós. Esse pensamento nos leva a esquecer da noção de individualismo e até mesmo a de ser humano. Como “agentes disfarçadores” perdemos toda e qualquer caráter de autenticidade, conhecimento ou poder decisório. Nada mais existe que não um corpo carregando algo, tal como faz o ovo com a galinha. Ela é apenas um espaço que abriga o ovo. Um corpo do qual o ovo se apropria para seguir o seu caminho. Tudo o que ela faz é apenas para disfarçá-lo de modo que ele exista. Qual o ovo se utiliza de nosso corpo? Será que conseguimos perceber isso ou apenas guardamos algo do qual nem imaginamos? Quando fala do ovo, Clarice Lispector traz a ideia de que se olharmos demais para ele, o perdemos. Depois que pararmos o olhar e um pouco mais de compreensão, ele se perde. Nada mais é que um ovo quebrado. Talvez isso também aconteça conosco, agentes do ovo. Talvez seja essa a grande contradição do ser humano: olhar demais para entender. Entender e perder, pelo simples fato de que tudo é puro e único até que alguém olhe. Quando isso acontece, o ovo quebra e a galinha seca. Sem interior, nem razão para viver. O contato entre o ser e o objeto estabelece-se pelo olhar. Para Sartre, o olhar é constitutivo de intersubjetividade, possui caráter ontológico. "O olhar é, antes de mais nada, um intermediário que remete de mim a mim mesmo". "O olhar nos revela como um fato a existência do outro e a minha existência para o outro". Assim, já de início, Clarice utiliza um instrumento existencialista de conhecimento: a visão. A reflexão no conto é feita sobre pensamentos a cerca das mais diversas coisas. Tais pensamentos aparecem de forma aleatória, onde uma ideia, sentimento, sensação