O Onzeneiro Foi Rico Em Vida
O Onzeneiro era um usuário que enriqueceu à custa dos altos juros de dinheiro, que emprestava aos necessitados – um antepassado de nossos modernos penhoristas, a quem o diabo chama de seu “parente”. O Onzeneiro é ambicioso, interesseiro, avarento, ganancioso, usuário, ignorante, obsessivo pelo dinheiro. Emprestar dinheiro a juros altos foi a atividade que o condenou ao inferno.
Acusações: O Onzeneiro é acusado de praticar a usura, de ser ganancioso, de viver obcecado pelo dinheiro e de usar a maldade para explorar os mais pobres.
Argumentos: Quando o Onzeneiro diz ao anjo que o bolsão que traz com ele vem vazio
“Onz Juro a Deos que vai vazio!”
- Perante o Diabo, manifesta o desejo de ir ao mundo buscar dinheiro para comprar a salvação.
“Quero lá tomar ao mundo e trarei o meu dinheiro. Aqueloutro marinheiro, por que me vê vir sem nada, dá-me tanta borregada como arrais lá do Barreiro.”
O Diabo diz que o Onzeneiro é como ele, um trafulha e é um ladrão “(...) Onzeneiro, meu parente(...)” e “(...) Irás servir Satanás porque sempre te ajudou. (...)”.
O Onzeneiro não estava à espera de morrer: “Quero lá tornar ao mundo e trarei o meu dinheiro.”
O Onzeneiro tratou o Fidalgo com cortesia: Estes ainda não tinham noção que estavam mortos. O Diabo fica descontente, pois eles tinham de lhe obedecer, uma vez que estavam na sua barca.
Intenção do autor: Cada personagem representa um grupo social, as suas características e os seus principais defeitos e pecados. No fundo Gil Vicente queria demonstrar à sociedade de que é feita e de uma maneira relativamente cômica. Na cena do Onzeneiro o autor pretende criticar a pratica de usura, denunciando o enriquecimento fácil e rápido á custa de juros elevados pelos empréstimos de dinheiro a pessoas necessitadas. Simultaneamente, visa atingir os