O negro é o outro
18 a 22 de julho de 2011 UFPR – Curitiba, Brasil
O negro é um “outro”: a representação dramática do negro no Brasil a partir da polêmica racial entre Nelson Rodrigues e o seu “sucessor”, Plínio Marcos
Lucio Allemand Branco, Prof. Ms, Doutorando (UERJ)
Resumo:
Em 1969 há uma polêmica racial entre Nelson Rodrigues e seu “sucessor”, Plínio Marcos, em crônicas publicadas na imprensa por conta da adaptação teledramática de A cabana do pai Tomás. A interpretação do personagem-título da novela, a cargo de um ator branco pintado de negro, resultou numa crônica exaltada de Plínio. Com a reação negativa de Nelson ao posicionamento do seu “discípulo”, criou-se um debate sobre a questão da representação do negro nas suas respectivas obras de ficção e na tradição da dramaturgia brasileira em geral. O confronto das perspectivas assumidas por cada autor, nessa polêmica, é revelador das coerências e contradições para com os seus projetos literários e a construção de suas personas midiáticas, na medida em que o negro é, em princípio, encarado como um “outro”, categoria ontológica genérica para a qual ambos detém seu olhar dramático de tipo humanista ao modo cristão.
Palavras-chave: racismo, alteridade, dramaturgia, vida literária, indústria midiática
Introdução
A obra teatral de Plínio Marcos trai uma inegável descendência da linhagem inaugurada por Nelson Rodrigues (que, não eventualmente, afirmava ser o autor de Barrela uma espécie de seu sucessor) com o ciclo das “tragédias cariocas” – a primeira, de 1953, podemos dizer, é A falecida. Esta peça constitui uma ruptura estética cujo pioneirismo, negligenciado pela história oficial do teatro brasileiro, consiste na introdução de motivos francamente populares no gênero dramático – feito comumente atribuído à aparição de Eles não usam Black-tie, drama proletário de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958, montada pelo Teatro de Arena. A trajetória de