O negro e o mercado de trabalho hoje
O NEGRO E O TRABALHO
MONÓLOGO POÉTICO DE UM TRABALHADOR NEGRO – BRASIL CONTEMPORÂNEO
Senhores e Senhoras aqui presentes, meu nome é Nelson Pereira de Sá Clemente, sou brasileiro e, com orgulho, afrodescendente!,
Homem de cor, negra é minha raça e etnia, brasileiro, casado, graduado em direito com especialização, aprovado em concurso público, na primeira colocação, há 5 anos esperando a sonhada nomeação de Juiz de Comarca, direito dessa nação.
Senhores e Senhoras aqui presentes, meu nome é Luana Luz de Lima Parentes , brasileira, casada, mãe, independente, e com muito orgulho: afrodescendente!,
Mulher de cor, negra é minha raça e etnia, graduada em Direito, especializada em cidadania.
Lamentavelmente, desempregada.
Veja que ironia!
O trabalho é para o homem seu bem mais precioso,
Ministério que edifica, ofício mui valioso, garantia de igualdade, liberdade e dignidade.
Expliquem-me, amigos, porque o negro não tem oportunidade?
IBGE e DIEESE mostram a realidade, entre negros e não negros há muita disparidade: o preconceito pesando na contratação de funcionário; aumento de ingresso de negros e negras no mercado de trabalho, porém diminuição de um terço no valor de seus salários.
Num país predominante negro, o preconceito é dominante nas novelas, é chofer, capataz, cozinheiro, copeiro, ajudante...
Na vida real não tem muita diferença, ao subemprego são condicionados, trabalhando muito, recebendo pouco; respeitando e sendo desrespeitados.
Havendo, porém, poucos heróis: pagodeiros, craques do futebol!
Muitos sem identidade, facilmente manipulados pela cultura estrangeira.
Eu, Mulher Negra, ainda sofro com o ranço da escravidão;
Mesmo estudada, ocupando uma melhor profissão: engenheira, médica, educadora, executiva...
Ainda há que se aguentar preconceito e discriminação, diferenças salariais, abuso sexual e de poder: olhares cruzados, rótulos marcados: neguinha, tadinha, é preciso proteger!