O nascimento da filosofia
O ser humano sempre sentiu necessidade de entender o mundo e suas manifestações. Se, até determinado momento, o mito era a explicação suficiente, o a evolução natural passou a não mais responder aos anseios de entendimento do homem. Como se deu essa passagem? Na Grécia Antiga, a explicação religiosa de mundo (por nós chamada de mito) declina quando os primeiros sábios põem em discussão a ordem humana e a traduzem em fórmulas acessíveis à inteligência dos homens. Mas por que e como isso acontece?
Mito é o conjunto de explicações reunidas em narrativas que buscam dar um sentido à realidade. Hoje parece fácil, mas há cerca de 30 séculos, entender o que está por trás dos fenômenos meteorológicos, por exemplo, não era nada óbvio. O mito é sempre uma explicação simbólica em todos os povos. O mito grego tem uma especificidade: possui alegorias inteligentes e razoáveis.
A função da religião
De acordo com o filósofo inglês Bertrand Russel, no caso das outras civilizações ancestrais, “a função da religião não conduziu ao exercício da aventura intelectual” e por isso só a grega fez escola. Nelas imperava uma grandepreocupação com a vida após a morte. Esse é um dos ingredientes da especificidade grega: ela não é mística e isso parece ter favorecido o aparecimento do pensamento inquisitivo, ou seja, a filosofia.
Ela não tem dogma, textos sagrados nem devoção. “As práticas religiosas dos gregos eram, em geral, ligadas aos costumes estabelecidos nas várias cidades-estados”, continua o filósofo. A religião grega é, na verdade, política. Isso equivale a dizer que o que mantinha as pessoas unidas eram seus interesses comuns, com um arcabouço de alegorias que simbolizava determinados valores. Isso é completamente diferente de uma religião na qual o que une as pessoas é uma crença compartilhada e não os costumes estabelecidos, principalmente se essa crença tiver a pretensão de ser estatuto de verdade.
Nova interpretação
Um significativo número de elementos