O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
Ao nascer, a filosofia tem dívidas com a sabedoria dos orientais, não só porque as viagens colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos (egípcios, persas, babilônios, assírios e caldeus), mas também porque os dois maiores formadores da cultura grega antiga, os poetas Homero e Hesíodo, encontraram nos mitos e nas religiões dos povos orientais e nas culturas que precederam a grega os elementos para elaborar a mitologia grega, que, depois, seria transformada racionalmente pelos filósofos. Os gregos, porém, imprimiram mudanças profundas ao que receberam do Oriente e das culturas precedentes. Dessas mudanças, podemos mencionar quatro, que nos dão uma idéia da originalidade grega:
1. Com relações aos mitos: quando comparamos os mitos orientais, cretenses, micênicos, minoicos e os que aparecem nos poetas Homero e Hesíodo, vemos que eles retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do inicio do mundo; humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram racionalidade e narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a moral).
2. Com relações aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência (isto é, em conhecimento racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática para uso direto da vida. Assim, transformaram em matemática o que os egípcios praticam como agrimensura para medir, contar e calcular, transformaram em astronomia a astrologia praticada caldeus e babilônios como a adivinhação e previsão do futuro; transformaram