O museu
ARQ TEXTO 1
2000/2
ARQUITETURA DE MUSEUS
Flávio Kiefer
Em seu sentido lato, os museus são tão antigos quanto a própria história da humanidade. Pode-se considerar que eles existem desde que o ser humano começou a colecionar e guardar, para si ou seus deuses, objetos de valor em salas construídas especialmente para esse fim. A palavra museu tem origem antiga, provém do grego Museion, e significa “santuário dos templos dedicados às musas, que recebem doações, ex-votos, oferendas...”1 . Entretanto, são as coleções reais ou privadas, como a reunida no palácio dos Médici2 , formadas a partir da Renascença, que vão constituir o núcleo inicial dos museus nacionais no século XVIII. Também é no
Renascimento que se desenvolve, ainda, uma verdadeira paixão pelos gabinetes de curiosidades ou câmaras de maravilhas, onde são “amontoados” objetos exóticos trazidos por exploradores: “animais, objetos ou obras raras, fabulosas ou insólitas.”3 “Esboça-se, assim, a divisão que se fará notar mais adiante entre as artes e as ‘curiosidades’, duas direções a partir das quais surgirão, a seu tempo, o museu de belas-artes e o museu de história natural.”4
Se o Palácio Médici pode ser considerado o primeiro museu privado da Europa, pela quantidade de objetos e pela ornamentação ostensiva, o primeiro espaço dedicado exclusivamente às artes, desvinculado do objetivo decorativo, surge em Florença, no último quartel do século XVI, quando
François I resolve aproveitar o último andar de seu edifício de escritórios, que servia de passagem, como um grande corredor a unir diferentes palácios, para reunir toda a sua grande coleção de obras de arte que antes se encontrava espalhada por diversos lugares. O nome adotado para esse espaço, galerie, acabou, com o tempo, tornando-se sinônimo de sala reservada para as coleções de arte e a Galerie des Uffizi uma referência importante para a construção de um imaginário burguês de prestígio e importância. Os burgueses vão