o mundo
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Conto folclórico, texto de Luís da Câmara Cascudo
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Um bombeiro, um soldador e um ladrão eram muito amigos e resolveram viajar por esse mundo para melhorar a vida. Tinham eles um cavalo encantado que respondia todas as perguntas. Chegaram a um reinado onde toda gente estava triste porque a princesa fora furtada por uma serpente que morava no fundo do mar. Os três companheiros acharam que podiam fazer essa façanha e consultaram o cavalo. Este mandou o soldador fazer um bote de folhas de Flandres. Meteram-se nele e fizeram-se de vela.
Depois de muito navegar deram num ponto que era o palácio da serpente. Quem ia descer? O bombeiro não quis nem o soldador. O ladrão agarrou-se na corda que os outros seguravam e lá se foi para baixo. Pisando chão, viu um palácio enorme guardado por uma serpente que estava de boca aberta. O ladrão subiu depressa, morrendo de medo. Voltaram para casa e foram perguntar ao cavalo o que era possível fazer. O cavalo ensinou que a serpente dormia de boca aberta e quando estava acordada ficava com a boca fechada. Debaixo da cauda tinha a chave do palácio. Quem tirasse a chave, abrisse a porta, encontrava logo a princesa. Os três amigos tomaram o bote de folha de Flandres e lá se foram para o mar.
Chegando no ponto os dois não queriam descer. O ladrão desceu e, como estava habituado, furtou a chave tão de mansinho que a serpente não acordou. Abriu a porta, entrou, foi ao salão, encontrou a princesa, disse que vinha buscá-la e saíram os dois até a corda. Agarraram-se e os dois puxaram para cima. Largaram vela e o bote navegou para terra.
Quando estavam no meio dos mares a serpente apareceu em cima d’água, que vinha feroz. Que se faz? Era a morte certa. – Deixa vir, disse o bombeiro. Quando a serpente chegou mais para perto, o bombeiro tirou uma bomba e jogou em cima da serpente. A bomba estourou e a serpente virou bagaço. Na luta, o bote fura-se e a água estava entrando de mais a mais, ameaçando ir tudo para o