O mundo assombrado pelos demônios

Resenha crítica

SAGAN, Carl. A coisa mais preciosa. In: O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

Carl Sagan, cientista americano conhecido por ser um dos maiores divulgadores da ciência de todos os tempos, trata no primeiro capítulo do livro O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro, intitulado A coisa mais preciosa, sobre a “pseudociência” e o misticismo em detrimento da verdadeira ciência e da racionalidade. O autor se depara com um motorista muito curioso que faz perguntas ao pesquisador sobre pseudociência acreditando que obterá dele respostas sobre suas “curiosidades científicas”, ou seja, sobre profecias, civilizações perdidas etc. No entanto, a resposta do cientista é que não há evidências científicas para aqueles temas abordados. A partir disso, Sagan descreve, em lugares e épocas distintas, a importância do avanço científico, comparando realidades que foram beneficiadas pela ciência e outras que não compreendiam, não dominavam a ciência ou valorizavam mais a superstição e a religião e por isso foram prejudicadas. Para o autor, as pessoas deveriam conhecer a verdadeira ciência, ser mais céticas sobre as informações que recebem, fazer aflorar o senso crítico sobre as coisas do mundo. Diz que os ingênuos são enganados, os canais de comunicação não filtram as mensagens, e o interesse financeiro está acima do conhecimento, pois “o ceticismo não vende bem”. Diz ainda que a ciência boa expulsa a ruim e que a ignorância em ciência contribuiu para o declínio de civilizações. É interessante para quem detém o poder de qualquer nação que o povo, a grande massa permaneça na ignorância para ser mais bem manipulada e aceitar, sem maiores protestos, as condições de vida que lhe são impostas. Mesmo parecendo exagero marxista, sabe-se que os aparelhos ideológicos do Estado, como as igrejas, associações e instituições acabam moldando a cultura e os valores