O MONGE E O EXECUTIVO

A ESCOLHA FOI MINHA. Ninguém mais é responsável por minha partida.
Acho quase impossível acreditar que eu um super ocupado gerente geral de uma grande indústria – tenha deixado a fábrica para passar uma semana inteira num mosteiro ao norte de Michigan. Mosteiro belíssimo, com frades, cinco serviços religiosos por dia, cânticos, liturgias, comunhão, alojamentos comunitários. Por favor, compreenda, não foi fácil. Eu resisti o quanto pude. Mas, afinal, escolhi ir.
"SIMEÃO" era um nome que me perseguia desde que nasci.
Quando criança, fui balizado na igreja luterana local. No batismo o versículo da Bíblia escolhido pertencia ao segundo capítulo de Lucas, a respeito de um homem chamado Simeão. De acordo com Lucas, Simeão foi "um homem muito correto e devoto, possuído pelo Espírito Santo". Aparentemente ele teve uma inspiração sobre a vinda do Messias. Este foi meu primeiro encontro com Simeão.
Ao final da oitava série fui crismado na igreja luterana. O pastor escolheu um verso da
Bíblia para cada candidato à confirmação, e quando chegou minha vez leu em voz alta o mesmo trecho de Lucas sobre Simeão. "Coincidência bem estranha", lembro-me de ter pensado na época.
Durante os vinte e cinco anos seguintes - tive um sonho recorrente que acabou me atemorizando. No sonho, eu estou completamente perdido, correndo num cemitério. Embora não possa ver o que está me perseguindo, sei que é o mal, alguma coisa querendo me causar grande dano. De repente, um homem vestido com um manto negro aparece na minha frente. Quando esbarro nele, o homem muito velho me agarra pêlos ombros, olha-me nos olhos e grita: "Ache Simeão - ache Simeão e ouça-o!" Eu sempre acordava nessa hora, suando frio.
Para completar, no dia do meu casamento o pastor se referiu a essa figura bíblica durante sua breve homilia.
Na realidade, eu nunca soube ao certo se havia algum significado para todas essas
"coincidências" envolvendo o nome de Simeão. Minha mulher, Raquel, sempre esteve
convencida