O monasticismo
O modelo do solitário
Um dia Constantino escreveu a santo Antônio, sem impressionar em nada o velho. Antônio havia deixado sua cidade de Fayum na época em que nascia o imperador e desde algum tempo estava instalado no deserto da Tebaida. Pacômio também instalara seus primeiros mosteiros antes que Constantino se tornasse imperador do Oriente. O édito de Constantino, tão familiar às cidades, constitui novidade para o mundo dos ascetas. Os monges, os monachoi - quer dizer, os "homens solitários" -, prolongam uma tradição cristã muito diferente que quase se poderia qualificar de arcaica. Suas atitudes espirituais e morais inspiram-se na experiência de um ambiente sobretudo rural, muito diverso daquele dos cristãos citadinos. No século IV os monges do Egito e da Síria conhecem um sucesso de estima e escândalo no mundo mediterrâneo. A Vida de Antônio, de Atanásio, aparece imediatamente após a mone do santo, em 356. Entre 380 e 383, João Crisóstomo se retira - o tempo de um período curto porém formador - para viver com os ascetas nas colinas que circundam Antióquia. Uma' 'viagem em pensamento rumo ao cume da montanha na qual Cristo se transfigurou" é o sonho pungente de João Crisóstomo, o mais citadino dos retóricos cristãos. Em agosto de 386 a história de santo Antônio bruscamente arranca Agostinho de seus projetos matrimoniais e o impele a uma trajetória que ao cabo de alguns anos o leva a ser ordenado bispo de Hipona, onde viveu durante seus últimos 35 anos. No final do século IV o papel da Igreja crisrã nas cidades é eclipsado por um modelo radicalmente novo da natureza humana e da sociedade humana, criado pelos "homens do deserto".
O prestígio do monge reside no fato de ser um "homem sozinho". Em sua pessoa ele resume o velho ideal da "simplicidade do coração". A isso chegou através de dois caminhos. Primeiro renuncio resolutamente ao mundo e da maneira mais visível. Por isso um ato de anachorêsis retirou-se para a vida no deserto: é um