O Medroso e a Anaconda

A MENINA DAS FLORES

Jorge era um rapaz que trabalhava em uma oficina na cidade de Taguatinga, próximo o Brasília. Ele costumava sair no comecinho da noite da oficina e ia a pé pra casa. Não era tão perto, ele tinha que atravessar algumas quadras até chegar em sua casa, onde morava sozinho. Sempre que Jorge passava em uma determinada rua, que tinha até um certo movimento devido a alguns barzinhos que ali existiam ele observava que, num canto mais afastado da rua, onde a lâmpada do poste estava quebrada ficava sempre uma garotinha de aproximadamente dez anos de idade segurando uma sexta de com rosas vermelhas. Em Taguatinga é comum ver crianças vendendo flores nos barzinhos à noite, o que ele estranhava é que sempre que passava ela estava parada nesse canto escuro e sempre com o olhar perdido. De tanto passar por ali e vê-la parada Jorge começou a ficar cismado. Um dia, ao sair da oficina ele estava decidido a comprar uma rosa dela ao menos pra vê-la de perto para saber qual era a dela. Mas nessa noite, em que ele estava decidido, ao passar pela rua ele não viu a menina, pela primeira vez ao passar por aquela rua a menina não estava no local onde ele sempre a via. Se ele já tinha uma cisma, agora tinha muito mais com essa coincidência tão grande. Ele seguiu então seu caminho. Ao passar pela calçada de uma rua ele observou do outro lado, um pouco ao longe, a menina estava lá, de costas para onde ele estava e de frente para um beco escuro, olhando para dentro dele. Jorge abaixou-se atrás de um container de lixo e observou-a de longe para não ser notado. Depois de um tempo parada olhando para a nada a menina começou a tremer dos pés a cabeça como que tendo uma convulsão, algo de muito estranho estava acontecendo. Ele encolheu-se mais ainda espantado. De repente a menina pára novamente olhando para o beco permanecendo assim por um tempo. Num súbito movimento ela gira o pescoço olhando para Jorge. Ele por sua vez tomba para trás e cai ao chão devido ao intenso susto.