O luto no aborto provocado
O abortamento provocado, ao longo do tempo, tem estado revestido de tabus e preconceitos que dificultam o reconhecimento e a importância de vivenciar o seu luto.
A mulher que não deseja a gravidez só vê como saída, a prática do aborto. Elas apresentam diversos fatores que justificam a sua decisão de não prosseguir com a gravidez, tais como: condição financeira inadequada, violência doméstica, projeto de vida, desemprego e prole numerosa, dentre outros. Quando se deparam com uma gravidez indesejada, muitas vezes passam por um processo solitário, sem contar com o apoio do parceiro e/ou da família, recorrendo quase sempre a amigas que também já vivenciaram a mesma situação. Do momento em que a gravidez é confirmada até a decisão final de interrompê-la, a mulher fica extremamente sensível nesse processo complicado.
O aborto é definido como "a expulsão ou extração do feto que pese menos de 500g, com a idade gestacional aproximadamente em torno de 20-22 semanas completas, ou 140-154 dias completos".
O aborto é considerado espontâneo quando da "interrupção natural da gravidez antes da 20 semanas de gestação", e provocado, induzido ou inseguro, quando, para efetivá-lo, utiliza-se de qualquer processo abortivo externo, químico ou mecânico e ser considerado legal ou ilegal.
O aborto não é isento de risco. A mulher nesta situação poderá apresentar ou não: hemorragia, infecção, perfuração uterina, laceração cervical, esterilidade, culpa, depressão e morte materna.
O processo de abortar leva as mulheres a um conflito em virtude de suas crenças, princípios religiosos e valores, os quais contribuem para o aparecimento do sentimento de culpa. Devido a isso, muitas mulheres nessa situação passam por um processo de dor equivalente ao causado por outras perdas pessoais.
Após uma perda há o desenvolvimento de uma grande quantidade de emoções, experiências e mudanças na vida psíquica da pessoa, e o tempo de duração da vivência