O longo amanhecer
Celso Furtado é Bacharel em Direito, ele tornou-se doutor em Economia pela Sorbonne e esteve por trás de inúmeras ideias e projetos para o desenvolvimento do Brasil, especialmente a partir dos anos 1950. Furtado foi o mentor de planos de desenvolvimento regional, como a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), sendo seu primeiro dirigente, em 1959. Nesse mesmo ano, publicou o livro "Formação econômica do Brasil", até hoje considerado uma obra essencial para a compreensão do país. Atuando em órgãos governamentais, foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento sob o governo Juscelino Kubitschek, tornando-se ministro pela primeira vez já na gestão de João Goulart, quando ocupou a pasta do Planejamento. Depois do golpe de 1964, Furtado foi cassado por dez anos, exilando-se primeiro no Chile, depois viajando pela Europa e os Estados Unidos, onde se tornou pesquisador na prestigiada Universidade de Yale.
O filme reconstitui a época de atuação de Furtado, que voltou ao Brasil em 1981, tornando-se novamente ministro, desta vez da Cultura, no governo José Sarney. Furtado mostra-se perfeitamente lúcido, discorrendo sobre seus temas da vida inteira, especialmente a necessidade do Brasil superar as desigualdades sociais em sua rota de desenvolvimento. A avaliação da obra do economista é realizada através de entrevistas com intelectuais como Francisco de Oliveira, João Manuel Cardoso de Mello, Antônio Barros de Castro, Hélio Jaguaribe e outros.
Furtado aponta algumas saídas, deixando claro que a solução dos problemas é de natureza política. Em primeiro lugar, deve-se reverter o processo de concentração de propriedade privada e renda nacional que estão na base dos problemas sociais brasileiros; em segundo lugar, promover a superação dos atrasos nos investimentos de desenvolvimento humano, isto é, em educação, saúde e bem-estar-social do conjunto da população brasileira; e, finalmente, a inserção do