O lirismo e a novela
A. O Lirismo
O autor inicia o seu estudo começando por referir-se aos sinais evidentes de desgaste da lírica galego-portuguesa, em meados do seculo XIV, tendo atingindo o seu apogeu anteriormente ao longo de todo o século XIII. Entretanto, e tal como o autor afirma, só se volta a ter sinais do lirismo por volta do século XVI, o que levanta várias questões, entre elas o facto de se tentar perceber se este sobreviveu realmente e de que forma se foi transmitindo e transformando ao longo dos tempos.
Assim sendo, o único quadro de análise realmente válido para a investigação das questões propostas, é a Península Ibérica no seu todo e não particularmente, Portugal. Assim, ao considerar-se os limites de um qualquer idioma, o lirismo peninsular não poderia ser reconstituído sem interrupções que não fossem explicáveis; Nessa medida, quando a poesia trovadoresca começa a enfraquecer nos âmbitos corteses, surge um fenómeno de acomodação popular, que permite, assim, a sua sobrevivência, adequada também ao idioma. Assim o português e o castelhano tornam-se línguas de acolhimento e, também de, transformação da poesia lírica.
Entre a poesia trovadoresca do século XII e a poesia tradicional do século XV, existe uma sequência logica e cronológica, estando bem marcada nos processos discursivos e nas formas métricas e estróficas. Na passagem do século XV para o século XVI é bastante percetível, a nível de forma, a influência castelhana, as redondilhas e a existência de um mote sucedido de voltas são inovações de origem castelhana presentes sobretudo na poesia palaciana divulgada nas cortes de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel II. Fica assim, sendo recorrente encontrar entre os poetas portugueses a adopção do idioma castelhano.
Assim, a tradição poética de quatrocentos caracteriza-se por se encontrar ligada ao gosto palaciano e popular e também por estar em