O julgamento social e o despotismo sobre o desejo feminino
Na atualidade é normal comentarmos sobre as mulheres, mulheres de política, mulheres da medicina, mulheres sociais tanto quando o tão debatido “falo”, mulheres que se tornaram capazes de conquistas numerosas em tão pouco tempo, já que são tão recentes os relatos historiográficos a respeito da mulher.
Será mesmo possível pensar a história no feminino? Esse feminino que por séculos foi submetido ao poder do falo e que em alguns casos continuam submetidas a tal poder, quem sabe medo? Quem sabe por ser mais fácil e mais conveniente deixar que os outros (homens) decidam por nós mulheres.
De certa forma, por muito tempo, a mulher foi privada da historiografia, foi privada do conhecimento, do direito a autonomia, do direito a independência, tanto financeira quanto pessoal, foi privada de algo que muitos de nós acreditamos ser impossível abster alguém, foi escrava do desejo. O desejo nesse contexto tem duplo significado já que pode significar o desejo à autonomia quanto o desejo sexual.
Já que só no final da década de 60 Feministas radicais, lésbicas assumidas e mulheres antecipadas anunciaram guerra ao “império do falo,” uma vez que os homens desconhecem o corpo feminino e sua sexualidade e declararam a independência sexual feminina. O clitóris já passou por várias revoluções sexuais, sendo descoberto e “encoberto” várias vezes de acordo com os interesses políticos de cada período. (Margareth Rago)
Utilizando como base o texto de Margareth Rago “Os mistérios do corpo feminino, ou as muitas descobertas sobre o clitóris”, é possível observar que com o vago conhecimento médico do período, eram feitas diversas pesquisas sobre o corpo e o desejo feminino e muitos médicos como Thomas W. Laqueur, Ivonne Knibiehler/Catherine Fouquet e Jean-Louis Flandrin constataram em suas pesquisas que sobre o desejo sexual da mulher domina o instinto de ser mãe, afirmando que as mulheres eram destinadas ao lar e a vida materna,