O Imperador deTodos Os Males
A doença é a zona noturna da vida, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um período, a nos identificarmos como cidadãos desse outro lugar.
— Susan Sontag1
Sumário
Nota do autor
Prólogo
Parte i: “A bile negra, sem ser fervida”
Parte ii: Uma guerra impaciente
Parte iii: “Você vai me expulsar se eu não melhorar?”
Parte iv: Prevenção é a cura
Parte v: “Uma versão distorcida do nosso eu normal”
Parte vi: Os frutos de longos esforços
A guerra de Atossa
Agradecimentos
Notas
Glossário
Bibliografia selecionada
Caderno de imagens
Em 2010, cerca de 600 mil americanos e mais de 7 milhões de seres humanos mundo afora morreram de câncer. Nos
Estados Unidos, uma em cada três mulheres e um em cada dois homens desenvolvem câncer durante a vida. Um quarto de todas as doenças americanas e mais ou menos 15% de todas as mortes no mundo são atribuídas ao câncer.
Em alguns países, o câncer já é a causa de morte mais comum, superando as doenças coronarianas.
Nota do autor
Este livro conta a história do câncer. É a crônica de uma doença antiga — outrora uma doença clandestina, sobre a qual se falava aos sussurros — que se metamorfoseou numa entidade letal, amplamente predominante e que muda de forma, imbuída de tal potência metafórica e política que costuma ser descrita como a peste definidora da nossa geração. É uma
“biografia” no sentido mais verdadeiro da palavra — uma tentativa de penetrar a mente dessa doença imortal, de compreender seu comportamento, de desmistificar seu psiquismo. Mas seu principal objetivo é fazer uma pergunta que ultrapassa a biografia: a morte do câncer é concebível no futuro? É possível erradicar esta doença de nosso corpo e de nossa sociedade para sempre? O câncer não é uma doença, mas muitas. Podemos