O homem e a cultura
1 O essencial das discussões científicas incidiu sobre o papel dos caracteres e dasdificuldades biológicas inatas do homem. Um exagero do seu papel serviu de fundamentoteórico às teses pseudobiológicas mais reacionárias e mais racistas. Já a orientaçãodesenvolvida pela ciência progressista, parte da idéia de que o homem é um ser de naturezasocial, que tudo o que tem de humano nele provém da sua vida em sociedade, no seio dacultura criada pela humanidade.Desenvolvia-se o homem, tornado sujeito do processo social de trabalho, sob a ação de duasespécies de leis: as leis biológicas, em virtude das quais os seus órgãos se adaptaram àscondições e às necessidades da produção; e às leis sócio-históricas que regiam odesenvolvimento da própria produção e os fenômenos que ela engendra.Apenas as leis sócio-históricas regerão doravante a evolução do homem.O homem definitivamente formado possui já todas as propriedades biológicas necessárias aoseu desenvolvimento sócio-histórico ilimitado. A passagem do homem a uma vida em que asua cultura é cada vez mais elevada não exige mudanças biológicas hereditárias.Não é que a passagem ao homem pôs fim à ação das leis da variação e da hereditariedade ouque a natureza do homem, uma vez constituída, não tenha sofrido qualquer mudança. Averdade é que as modificações biológicas hereditárias não determinam o desenvolvimentosócio-histórico do homem e da humanidade; este é movido por outras forças que não as leisda variação e da hereditariedade biológicas.2 - A hominização termina com o surgimento da história social da humanidade.Desde oprincípio da história humana, os próprios homens e as suas condições de vida não deixaram dese modificar e as aquisições da evolução de se transmitir de geração em geração, o que era acondição necessária da continuidade do progresso histórico.Era preciso que estas aquisiçõesse fixassem sob uma forma absolutamente particular, que só aparece com a sociedadehumana: a dos